Pular para o conteúdo principal
VESGO

o meu olhar é vesgo
vê tudo de revesgueio
o mundo vem de viés
no reverso do revés
é torto tudo que vejo

o teu olhar é o visgo
gruda no meu pelo meio
vira ao avesso e atravessa
pondo-me assim às avessas
dispõe de mim por inteiro

vice-versa marcha à ré
no andar do caranguejo
no desmantêlo do revertério
vou ao encontro do que desejo

vira o vento contra a maré
gira o tempo num contra-pé
sendo o inverso do que vês
desinvento o anverso e ao invés
eu vou do fim ao começo

o meu olhar é vesgo . . .

carlos patrício
poeta e compositor gaúcho

Narciso, por Il Caravaggio (1571-1610) 

Comentários

  1. o que há de mim em mim mesmo
    o que serei eu em ti
    do que me falta em mim e sobra de ti
    que busco em ti o que de mim não tenho
    e que faz a roda girar

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

E Eis que ele reaparece a minha frente  como um muro Mais uma vez, surge inesperada e docemente Tão zeloso  que meus olhos se extasiam quando o delineiam no horizonte. Aquela forma de contornos dourados que com sua abundância torna tudo ouro a sua volta. Um verdadeiro Midas

Dando uma garibada...

alouuuu... a novidade de hoje não é textual, literária, mas numérica e musical...consegui colocar o contador de visitas e uma música pra trilha...tá que foi de um jeito meio babaca, mas foi como eu consegui...aceito sugestões de como encontrar o código html das músicas, ou como colocar uma playlist (hoje já cansei de tentar...) me dá um help, plisss... myrtita

A espera de um passado

Mais um caso para Hercule Poirot... pois então... Sumiu! Em algum lugar está, mas se não o vejo ou não sei, não está. O detetive belga usa de seu conhecimento sobre o humano para resolver os casos mais obtusos. Me pergunto se seus dotes mentais seriam e alguma validade para investigar o caso que tem me intrigado há certo tempo. Refiro-me à ausência da ética. A obviedade de olhar de maneira torpe para o que stá fora de si. E quanto mias longe, melhor, como se o que está mais longe fosse mais fácil de julgar. Não! O mais longe deve nos causar no máximo um estranhamento. Um estranhamento capaz de me remeter para dentro de si mesmo - inside myself. Pois é sabido: eu não sou capaz de modificar ninguém...a convivência deve servir de chave para entrar em meu universo, e nele descobrir razões que a própria razão desconhece. Não...Hercule Poirot descobria maldições no espelho, um gato entre os pombos, um mistério no expresso oriente. eu tento só observar o que esta dentro de mim, a ...