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 Diário de um Fronteiriço
 
Permisso... paysano!
Que eu venho judiado.
O sol na moleira,
a vida campeira
batendo os “costado”.
Permisso... paysano!
Pra um mate cevado.
Que eu ando na estrada
co’a vida encilhada,
tocando o cavalo.
Sou da fronteira...
me pilcho a capricho.
Potrada é de lei,
da lida que eu sei,
aperto o serviço...
Meio gente, meio bicho...
Ninguém me maneia
...“loco das idéia”,
sou duro de queixo.
Um trago de canha,
os amigos de fé,
o pinho afinado...
tocando milongas
e algum chamamé.
Com a alma gaúcha
e um sonho dos “bueno”
eu guardo a querência...
...a vida anda braba,
e só mete a cara
quem tem a vivência.
Ah! Livramento me espera...
num finzito de tarde,
um olhar de saudade
a mirar da janela...
Lá...onde o xucro se amansa!
Na ânsia do abraço
eu apresso o passo
pra matear com ela.


...Nosso jeito de ser, de ver, de viver !
...Sant' Ana quem te conhece, não te esquece, TE AMA !
...Identidade fronteiriça, é unica, é contagiante, é ENTERNA !
                                 Jane Maira .

Comentários

  1. E como é forte e poética esta identidade, Jane. Encontrei na vida adulta, essa marca da fronteira como um contraponto para minha infância e adolescência, tão longe deste bucolismo rude e simples esculpido com a força do minuano vindo lá das bandas do Uruguay, nessa paisagem de gentes e coxilhas, solitários, silenciosos, testemunhas do passado. Grata sou pela acolhida que venho tendo nessas terras onde meu coração encontrou minha alma, onde meu passado - de citadina mouriscana, cuja trilha se ouvia desde os sinos da Catedral aos acordes de uma OSPA tão solene. Saudades do meu porto de outono, da chuva nos ipês roxos da redenção, dos encontros no escaler. Essa saudade não me mata por que encontrei nessas gentes, uma força identitária que me produz ainda mais estrangeira do que quando aqui cheguei. E foi nessa terra, onde estrangeiro é visto como irmão, que resgatei minhas raízes históricas e culturais mais profundas.

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